2.2.13

À Lua


Por entre labaredas de nuvens paradas
Sopra a luz amarela-esbranquiçada
Que me lembra que estás já deitada

E recordo o teu derradeiro beijar
Vejo o mundo vendo-me suspirar
Deixando-me envolver da brisa que passa
Que calada deixa árvores a murmurar

É silhueta que passa isoladamente
No meio de tanta gente e o jardineiro faz parar
Numa angustiante e monótona agitação
Deja vu de névoas ainda por cessar

Fito gota de chuva morrente
Que cai no meio das demais
Reflexo nublado pardacento
Insignificante, dormente
De súbito és gota que vais
Com um novo gosto a sal
E já nem sei por quem vens
E porque me tento embalar

Ó gota que cais, por ti vêm muitas mais
                                           
Trago-te em vagas frases que teimam em não passar
Contos que com vidas gostava interruptamente de me alimentar
Esquissos de passados que se perpetuam no meu pensar

Nem sei se sei sentir o que não sei se é possível sem ti